Incêndio, chuva e patrocínio: por que Fórmula 4 Brasil precisou trocar pneus às pressas

O incêndio na fábrica da Hankook em 2023 teve enome impacto no fornecimento de pneus da marca ao redor do mundo. A F4 Brasil precisou utilizar compostos de chuva da Pirelli na rodada do Velocitta. Agora, a empresa sul-coreana volta a fornecer os compostos para a categoria base

O fim de semana da etapa de abertura da temporada 2024 da F4 Brasil, disputada no Velocitta entre os dias 23 e 24 de março, trouxe uma cena um tanto curiosa para quem acompanhava a categoria presencialmente. Apesar de o fornecimento oficial de pneus do campeonato — e das séries promovidas pela Vicar, em geral — ser feito pela Hankook, os pneus de chuva disponíveis para os pilotos foram da Pirelli. Em clima adverso, apenas compostos da empresa italiana foram utilizados. O GRANDE PRÊMIO apurou as razões para a confusão.

Questionada pelo GP sobre o caso, a fabricante sul-coreana indicou que a responsabilidade do posicionamento seria dos organizadores do campeonato, a Vicar, que confirmou que a falta de pneus de chuva da Hankook ainda era uma consequência do incêndio sofrido pela empresa em março de 2023, na Coreia do Sul.

A fábrica sul-coreana, situada na cidade de Daejon, possui duas alas distintas, e uma delas sofreu com um incêndio de proporções catastróficas há cerca de um ano. Mais de 400 bombeiros precisaram trabalhar na extinção do fogo, que ganhou força com os fortes ventos e o material inflamável contido no local.

No fim, 11 trabalhadores foram hospitalizados por inalação de fumaça, enquanto um bombeiro também saiu ferido. A estimativa é de que 87 mil m² tenham sido queimados, o que consumiu toda a produção do local. Entre os produtos, estavam 400 mil pneus fabricados pela Hankook.

A F4 Brasil não tinha pneus Hankook de chuva e recorreu aos compostos da Pirelli (Foto: GRANDE PRÊMIO)

A situação teve um impacto fortíssimo nos planos da marca, que precisou abdicar do fornecimento da Super Taikyu, categoria de turismo japonesa, ainda no ano passado. A Hankook chegou a promover demissões e reduzir a força de trabalho devido ao prejuízo financeiro, estimado em US$ 30 milhões [cerca de R$ 150 milhões na cotação atual].

Desta forma, o fornecimento da empresa foi afetado em todo o mundo, e a F4 Brasil ficou sem os pneus de chuva de sua fabricante.

Em contato com a reportagem do GRANDE PRÊMIO, a Pirelli também reforçou por meio do gerente de automobilismo na América Latina, Fabio Magliano, que não há envolvimento contratual com a F4 Brasil, mas confirmou que a categoria de base solicitou, “em caráter pontual”, o fornecimento de pneus de chuva para a etapa do Velocitta.

“A Pirelli não possui envolvimento contratual com a F4 Brasil. O que ocorreu no caso mencionado foi que o campeonato solicitou, em caráter pontual, pneus de chuva para a etapa, e nós fornecemos o produto, reiterando nosso compromisso com o automobilismo nacional. Afinal, a planta da Pirelli em Campinas, interior do estado de São Paulo, é a produtora de pneus para os campeonatos de F4 fornecidos pela Pirelli em todo o mundo”, afirmou.

Não foi a primeira vez, entretanto, que a F4 Brasil correu com pneus Pirelli em tempos de fornecimento da Hankook. Funcionando como satélite da Fórmula 1 no GP de São Paulo de 2023, a categoria precisou deixar a empresa sul-coreana de lado e utilizar os compostos da marca italiana, por se tratar de um evento da F1, que conta com a Pirelli como patrocinadora e fornecedora única de pneus. Só que se tratou de algo único até então, sem consequências na relação entre as partes para 2024.

Agora, às vésperas da segunda rodada do campeonato, em Interlagos, a Fórmula 4 Brasil volta a competir com os pneus da Hankook — tanto para pista seca quanto para o caso de piso molhado, ratificou a assessoria de imprensa da Vicar ao GRANDE PRÊMIO.

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